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As 24 horas de emoções

Depois de ter escrito o titulo, perguntei a mim próprio, e as outras horas ??  As que gastei durante a semana a pensar como é que ia ser a prova, se os pilotos portugueses iam ter alguma chance de vencer a sua classe. As horas que precederam o acenar da bandeira francesa para dar o inicio da prova e as que vieram depois da bandeira de xadrez !! Pois é são muitas mais que 24, e as emoções  ??

Essas foram mais que muitas, desde a excitação do inicio, a tristeza da morte dum piloto, a expectativa de ver a Toyota a dar luta à Audi até ao fim, a desilusão de ver os pilotos portugueses a terem problemas, o cansaço, o alivio de ver batalhas até ao fim e, finalmente, a saudade das 24 horas de Le Mans de 2013.

 

A 90ª edição das 24 horas começou

A 90ª edição das 24 horas começou

A excitação do inicio. Este é, sem dúvida, um dos melhores momentos de qualquer prova mas, nas 24 horas, é o ainda mais. Parece nunca mais chegar o momento dos pilotos libertarem os cavalos presos debaixo do capota das suas máquinas. Mas, como tudo na vida, esse momento chegou e as perguntas, que continuamente batiam à porta na procura incessante de respostas, iam começar a vê-las satisfeitas.

 

Mas não devia só eu que estava assim certamente, sem esquecer os milhões de pessoas que estavam em frente do televisor ou do pc no conforto das suas casas, 200.000 espectadores no circuito, esperavam pelo momento do inicio que ia ter um convidado especial este ano, a chuva, que ia marcar presença na edição nº 90 desta famosa prova e que iria manifestar-se com mais ou menos veemência consoante o desejasse.

 

Allan Simonsen no seu Aston Martin nº95

Allan Simonsen no seu Aston Martin nº95

Só que não demorou muito para que estas 24 horas fossem  marcadas pela tristeza, o piloto dinamarquês, Allan Simonsen de apenas 34 anos, tinha-se despistado no seu Aston Martin Vantage V8 em Tertre Rouge e em consequência, morreu. O infeliz nº de 27 anos que separava a última morte em Le Mans, tinha acabado aqui a sua vida também.  Fica o desejo que esta nova  e infeliz contagem de anos até à próxima vitima nas 24 horas, seja ainda maior. Fica também o sentimento de que Allan Simonsen morreu a fazer aquilo que mais gostava.

 

Com a porta da garagem nº95 da equipa Aston Martin Racing fechada, as 24 horas continuaram, e as expectativas começaram cedo a desvanecer, a Toyota não tinha o ritmo dos Audi.

Toyota TS030 Hybrid

Toyota TS030 Hybrid

Embora o Toyota TS030 Hybrid fosse mais económico que o Audi R18 e-tron quattro, este último, em especial o nº1 da tripla  Fassler/Lotterer/Tréluyer, não parava de fugir,  acumulando segundos atrás de segundos cada vez que passava pela recta da meta, nem os seus “irmãos” nº3 e nº2 conseguiam resistir a tamanha exibição de como voar baixinho.

 

Só que, quando a rapidez dos pilotos e a fiabilidade das máquinas não andam de mão dada numa prova com esta duração, é porque algo está errado. Foi o que aconteceu, quando estavam decorridas sensivelmente  pouco mais de 6 horas de prova, o  Audi nº1 foi até à sua box onde perdeu 12 voltas na reparação dum problema “mecânico” para o novo líder da prova que viria a ser o Audi nº2.

Também, praticamente na mesma altura, o seu” irmão “Audi nº3 teve um furo logo no inicio da volta sendo obrigado a percorrer os 13,6 km do circuito de La Sarthe bem devagarinho para não sofrer mais problemas.

Ficou o Audi nº2 na frente com uns rejuvenescidos Toyotas nº7 e nº8 a sentirem, pela 1ª vez, que talvez tivessem alguma chance de lutar pela vitória.

 

Ferrari 458 Itália de Rui Águas

Ferrari 458 Itália de Rui Águas

Do lado português, também o desespero bateu à porta, o Ferrari 458 Itália nº 81 de Rui Águas perdera 11 voltas para o líder da prova depois de ter danificado a carroçaria e suspenção enquanto se arrastava para a sua box depois de ter tido um furo.

 

Com a noite a cair e a chuva a marcar a sua presença ainda que de uma forma esporádica e muito timida, a prova ia decorrendo com normalidade que era interrompida aqui e ali pelos acidentes que traziam consigo, por vezes, o safety car.

 

A noite em Le Mans

A noite em Le Mans

Às 22 horas, quando estavam percorridas 8 horas de prova, portanto, dividi a minha atenção, eram as 24 horas na tv e a prova da Nationwide Series no pc.  Foi uma óptima forma me manter alerta visto que os stock cars, ainda que de uma divisão inferior, mas num circuito convencional, dão sempre aso a umas valentes gargalhadas com as asneiras dos pilotos a sobressaírem devido à sua pouca experiência em curvar para a direita.

Com a prova da Nationwide a acabar por volta 1h 30m de domingo, também as 24 horas estavam a chegar ao seu meio. Por esta altura o Audi nº 2 da tripla Kristensen/McNish/Duval continuava na frente com 1 volta de avanço sobre os Toyotas nº7 e 8 que não desistiam de o perseguir. Também o Audi nº3 não andava muito longe, este, embora a 2 voltas do líder, estava somente a uma dos Toyotas e do pódio. Na LMP2, o Morgan nº 35 liderava e nos GT PRO, o Aston Martin nº 99 seguia na frente resistindo à luta que o Porsche nº92 lhe dava. Na GT AM, a Porsche continuava na frente apenas com as equipas que usavam essa marca a revezarem-se no comando.

 

Aston Martin nº98 de Pedro Lamy

Aston Martin nº98 de Pedro Lamy

Perto das 7 da manhã, com a luz do sol a brilhar lá fora e o cansaço há muito instalado, a este era somado a  desilusão da desistência de Pedro Lamy e da sua equipa que tinha perdido o seu Aston Martin nº98 na longa recta de Mulsanne onde ficou um imenso rasto de fluído que obrigou a mais uma entrada do safety car para limpeza dessa parte da pista.

Como o Audi nº2, teimosamente, não largava a 1ª posição e os Toyotas se recusavam de deixar de o perseguir ainda que à distância de 1 volta, decidi descansar um pouco, era tempo de recarregar as baterias, afinal o fim de semana não eram só as 24h, havia mais competição e esta, também merecia a minha atenção.

 

Audi R18 e-tron quattro nº2, vencedor das 24 horas de Le Mans

Audi R18 e-tron quattro nº2, vencedor das 24 horas

3 horas depois, às 10h da manhã, e quando ainda faltavam 4 horas para o final das 24 horas de Le Mans, o despertador tocou, tempo para um café e, logo depois, estava “fresquinho que nem uma alface” para dar continuidade ao meu fim de semana desportivo.

E qual não é o meu espanto e na frente da prova estava tudo na mesma, a Toyota recusava-se a não deixar de dar luta ao Audi nº2 embora tivesse o Audi nº3 cada vez mais ameaçador atrás de si.

Na LMP2 os Morgan Nissan dominavam, na GT PRO, a luta era intensa entre o Porsche nº92 e o Aston Martin nº97 e na GT AM, a Porsche dominava com os Ferraris da AF Corse na perseguição.

 

Morgan-Nissan nº35, vencedor da classe LMP2

Morgan-Nissan nº35, vencedor da classe LMP2

11 horas da manhã e António Félix da Costa e a sua participação na Fórmula Renault 3.5 Series em Moscovo, era a razão de mais uma divisão da minha atenção com as 24 horas.

Só que esta foi curta, o jovem piloto português desistiu e até foi penoso ver o desenrolar dessa prova, apenas a pequena esperança que algo acontecesse aos futuros 1º e 2º classificados dessa prova, Stoffel Vandoorne e Kevin Magnussen, me manteve com um olho nessa corrida.

Nas 24 horas, era mais do mesmo, o Audi nº2 liderava e os Toyota perseguiam à distancia de uma volta com o Audi nº3 um pouco mais atrás. Estava visto que apenas algo fora do normal poderia provocar o espicaçar na liderança da prova.

 

Meio dia e a 2 horas do fim das 24 horas e era tempo de mais uma pequena olhada por outras competições.

Desta vez era a 1ª prova do fim de semana do BTCC que foi até ao circuito de Croft onde Colin Turkington no seu BMW serie 1 não deu hipóteses aos seus adversários.

 

O Toyota nº7 a ser vitima da chuva

O Toyota nº7 a ser vitima da chuva

“De volta” às 24 horas e, quando tudo parecia resolvido, a chuva decide aparecer de uma forma abrupta e violenta com várias equipas a “pagarem” caro a factura da sua aparição. Foi o caso do Toyota nº7 da tripla Lapierre/Wurz/Nakajima que se despistou perdendo o nariz do seu TS030 e sendo obrigado a ficar várias voltas na sua box para reparações perdendo, dessa forma, a 3ª posição e o último lugar do pódio.

Também o Aston Martin nº97 perdeu a liderança dos GT PRO de uma forma irremediável ao ir à box trocar os slicks por pneus de chuva forte, mais apropriados para as condições da pista.  Só que a entrada do safety car, pela última vez, devido a um acidente que espalhou destroços pela pista, veio estragar tudo porque este manteve-se a dar voltas ao circuito até este se encontrar quase seco. De nada tinham valido os pneus de chuva agora que a chuva tinha parado e com a pista a secar rapidamente. Era tempo de ir novamente à box para trocar mais uma vez de pneus, desta vez para slicks, mas a vitória, essa, já era.

 

Porsche 911 RSR nº92, vencedor da classe GTE PRO

Porsche 911 RSR nº92, vencedor da classe GTE PRO

E eis que as 24 horas de Le Mans chegaram ao fim, glória aos vencedores na geral e na LMP1, o Audi R18 e-tron quattro nº 2 da tripla Kristensen/Duval/McNish que fizeram uma prova isenta de erros e de problemas. Glória à marca AUDI por ter vencido pela 12ª vez as 24 horas de Le Mans. Glória a Tom Kristensen que venceu pela 9º vez esta famosa prova.

Glória na LMP2 para o Morgan-Nissan nº35 da tripla Bageuette/Gonsalez/Plowman que venceram a sua classe e terminaram em 7º na geral.

Glória na GTE PRO para o Porsche 911 RSR nº92 da tripla Lieb/Lietz/Dumas que venceram a sua classe e ficaram em 16º na geral.

Porsche 911 GT3 RSR nº76, vencedor da classe GTE AM

Porsche 911 GT3 RSR nº76, vencedor da classe GTE AM

E, finalmente, glória na GTE AM para o Porsche 911 GT3 RSR nº76 da tripla Narac/Bourret/Vernay que venceram a sua classe e cortaram a meta em 26º na classificação geral.

 

Menção honrosa para a Toyota, que levou o seu TS030 Hybrid nº8 da tripla Davinson/Buemi/Sarrazin ao 2º lugar final.

Apesar de não ter o ritmo dos Audi em performance pura, deu uma grande luta à marca alemã e até ao último minuto de 24 horas de prova, nunca deixando esta descansada, principalmente depois que perdeu o Audi nº1 que era, de longe, o grande candidato à vitória final.

Toyota nº8, 2º classificado nas 24h de Le Mans

Toyota nº8, 2º classificado nas 24h de Le Mans

Apesar de ter perdido o 3º lugar final na última hora de prova, devido a um pequeno despiste, para o Audi nº3 da tripla Gené/Di Grassi/Jarvis, o Toyota nº7 de Wurz/Lapierre/Nakajima, também estiveram sempre em contenção caso acontecesse algo lá mais à frente.

Resta, agora, à marca japonesa ir para casa, rever esta prova e, principalmente, melhorar a sua máquina para no próximo ano dar ainda mais luta à, ou, às marcas alemãs que irão estar mais uma vez presentes, a Audi, por um lado, e a Porsche, que também se irá estrear na LMP1.

 

Desilusão foi a palavra encontrada para descrever a participação dos pilotos portugueses que ficaram à quem das suas e das nossa ambições.

Pedro Lamy, na classe GTE PRO, foi obrigado a desistir quando o seu Aston Martin ficou parado definitivamente na pista quando já era manhã e faltavam cerca de 7 horas para o final da prova.

Quanto a Rui Águas, este, no seu Ferrari 458 Itália na classe GTE AM, embora terminando a prova em 38º na geral e em 10º na sua classe, perdeu qualquer possibilidade de lutar pela vitória na sua classe depois de ser forçado a perder 11 voltas na sua box para reparações na suspensão e carroçaria provocadas pelo arrastamento do seu Ferrari pela pista após rebentamento de um pneu.

Enfim, fica para o próximo ano mais uma tentativa para estes pilotos, e porque não de mais alguns, a possibilidade de inscrever o nome de um piloto português na lista dos vencedores nas 24 horas de Le Mans.

 

Para finalizar este mundo de emoções, ficam a saudade destas 24 horas de Le Mans, que já são história, e a excitação da edição nº 91 das 24 horas de Le Mans que vêem a caminho.

 

E vocês, como é que viveram estas 24 horas de  Le Mans ??

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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