Andar devagar é o segredo para vencer

Na visita do WRC a Portugal em 2009 tive a oportunidade de estar com um cartão de imprensa durante toda a prova, o que me levou a um contacto mais directo com todos os intervenientes no Mundial de Ralis.

Como é expectável numa prova que se desenrola durante vários dias muitas são as peripécias directa ou indirectamente relacionadas com a competição.

Contudo, talvez a mais engraçada tenha ocorrido logo no arranque, bem na zona do Estádio do Algarve, local onde se correram as especiais de abertura e fecho do Vodafone Rally de Portugal 2009.

Cheguei apenas no dia da competição ao Sul de Portugal e rapidamente me instalei e avancei para o local do arranque do Rali.

Aí chegado e já dentro do estádio começou o ambiente a preparar-se para receber as estrelas com Sebastien Loeb como favorito, sendo Mikko Hirvonen, Petter Solberg e Jari-Matti Latvala forças a ter em consideração, contudo, nas bancadas o mais aplaudido do WRC era Dani Sordo – que iria liderar durante o primeiro dia, enquanto um esporádico regresso de Marcus Grönholm com patrocínio do Turismo de Portugal também era seguido com expectativa.

Montada dentro do Estádio do Algarve a SSS1 marcou o início das hostilidades, com os pilotos a competirem dois-a-dois, num final de tarde solarengo, mas com um asfalto escorregadio, devido ao pouco uso de uma pista que existia apenas no momento da prova e com as poderosas bestas do WRC a terem configurações para a terra.

Com esses condicionalismos os ases do Mundial lutaram para não condicionarem o resto da prova num curto troço de 2.21km e isso permitiu um raro triunfo em especiais de Henning Solberg – a tripular um Ford Focus RS WRC 08.

O irmão mais velho de Mr.Hollywood conseguiu neste um dos 31 triunfos em especiais ao longo da carreira, sendo que a parte caricata aconteceu no dia seguinte. Antes de os carros irem para a estrada e ainda na zona do Estádio encontrei a dupla Henning Solberg/Cato Menkerud a dar uma curta volta e de forma simpática acederam a trocar algumas impressões antes de ‘limparem’ o pó dos troços do dia. Sempre sorridente Solberg acabou por indicar a receita para a vitória: ‘Andar o mais devagar possível’.

Como? O piloto nórdico indicou que teve de fazer uma condução ponderada devido ao asfalto escorregadio e acabou por ser recompensado com um inesperado melhor tempo na classificativa. Mais, Henning Solberg terminou num bom quinto lugar – Loeb foi o vencedor, num evento em que Armindo Araújo conseguiu o triunfo de estreia no PWRC – sendo que o nórdico fechou o evento a repetir a graça: venceu novamente no Estádio. Tudo porque, defende, andou o mais devagar possível.

Tiago Castro da Fonseca