As mulheres no mundo do desporto automovel

Outubro 10, 2013 às 9:28 pm, por Ângelo

Não é fácil encontrar mulheres que se tenham aventurado neste mundo onde tudo se passa a muitos kilómetros por hora, mesmo assim, ainda existem algumas que actualmente vão para a pista e “lutam” de igual para igual com os homens.

Michele Mouton com Fabrizia Pons

A primeira que “conheci” foi Michele Mouton, que nas estradas por esse mundo fora, fosse em terra batida, neve ou asfalto, ainda deu muito que fazer aos homens, vencendo 4 rallies, entre eles o Rally de Sanremo, faz hoje 32 anos, para além de deixar o seu nome escrito na lista dos vencedores do Rally de Portugal, mais concretamente em 1982.

O que esta mulher fez foi deveras impressionante, na altura os carros de rally eram os famosos Grupo B, onde se destacavam nomes com Hannu Mikkola, Walter Rowl, Stig Blomqvist, Per Eklund, Markku Alen e outros.

Susie Wolff no DTM em 2012

Mas há mais mulheres neste mundo muito rápido, algumas delas a competirem em diversas categorias que acompanho, é o caso de Simona de Silvestro na Indycar Series e Danica Patrick na Cup Series.

Antes de “falar” destas duas que se distinguem das demais, existem outras, são os casos de Susie Wolff, actualmente piloto de testes da Williams na Formula 1, mas que em anos anteriores competiu no DTM ( 2006-2012), onde ficou bem visto, que apesar de não ter vencido corridas, acompanhava o resto do pelotão ao décimo de segundo.

Ana Beatriz em ST Petersburg este ano

Também Katherine Legge, Pippa Mann e Ana Beatriz, participam nos monolugares da Indycar, infelizmente devido à falta de patrocinadores, apenas fazem provas quando os dólares existem para competir.

Quase me esquecia de Sarah Fisher, que embora já não vista o fato de competição desde o final da época de 2010, permanece bem viva na Indycar Series, sendo dona da Sarah Fisher Hartman Racing, que fundou em 2008, tendo tido o seu melhor resultado na oval do Kentucky com Ed Carpenter ao volante.

Actualmente o piloto que defende as cores da sua organização é Josef Newgarden.

Sarah Fisher em 2009

Mas há mais, no mundo das curvas para a esquerda temos mais duas, a veterana Jennifer Jo Cobb, que participa na Truck Series a tempo inteiro e a jovem Johanna Long de apenas 21 anos, que participa na Nationwide Series embora com um calendário mais reduzido de provas.

Uma particularidade desta jovem é que extremamente talentosa, nasceu praticamente a curvar para a esquerda, faltando-lhe neste momento uma equipa ou patrocinador, que a ajude a voar mais alto, no entanto e apesar dos fracos recursos da sua equipa, lá vai mostrando que merece um lugar melhor na garagem da Nascar.

Jennifer Jo Cobb

Falta então “falar” de duas mulheres muito talentosas e que vão dando cartas nos mundos da competição automóvel, uma é a Simona de Silvestro, que participa na Indycar Series e onde no passado sábado conseguiu o seu melhor resultado de sempre, ao conseguir um excelente 2º lugar no “circuito” de Houston.

Esta jovem de 25 anos é extremamente talentosa, sendo nos circuitos convencionais onde se sente mais à vontade e onde dá mais nas vistas, o que não é de espantar, não fosse ela oriunda do lado de cá do Atlântico, mais propriamente da Suiça.

Johanna Long

Tem ainda uma enorme margem de progressão, em especial a competir nas ovais, mas nada que a experiência e uma melhor equipa não consigam dar a volta ao texto.

Um último pormenor relevante sobre a rapidez desta jovem, é foi ela que “empurrou” Danica Patrick da Indycar para a Nascar, é que os resultados nos circuitos convencionais não mentem, sendo a americana constantemente batida pela suíça, mesmo com material de menor qualidade.

Simona de Silvestro em Houston

O contrário também é verdadeiro, Danica batia constantemente Simona nas ovais, mas isso até nem era muito difícil, afinal a experiência conta muito e a Simona na altura, não tinha praticamente nenhuma.

Falta a Danica Patrick, a mais conhecida de todas, a mais bem sucedida, com um enorme salário de fazer inveja a muitos pilotos de Formula 1 e já com uma vasta experiência na competição automóvel, em especial nos monolugares da Indycar, onde teve em 2008 o momento mais alto da sua carreira, ao vencer a prova do Japão na oval de Motegi.

Danica Patrick nos Indycars

Não é fácil escrever sobre Danica sem mencionar o seu grande suporte, o seu patrocinador GoDaddy, que tem passado cheques para que a piloto experimente outras formas de corridas, neste caso a Nascar, onde neste momento compete pela SHR com o Chevrolet nº10, sendo esta temporada a sua primeira na Cup Series.

Tem sido um ano bastante longo para Danica, a comprovar estão os “maus” resultados e as batidas, a última das quais no passado fim de semana na oval do Kansas onde ficou-se logo na 1ª volta, mas também já surgiram alguns resultados de relevo, tais como a pole para as 500 milhas de Daytona e o seu 8º lugar nessa prova.

Danica na oval do Kansas na passada semana

Mas para mim, o melhor dela até hoje na Cup Series, foi o 12º lugar em Martinsville, absolutamente fantástico para quem nunca tinha posto os pés naquela pequena oval, que mais parece um paper clip.

Voltando ao “fracasso que tem sido 2013, também a própria organização não a tem ajudado muito, que o digam Tony Stewart e Ryan Newman, seus colegas de equipa, que se têm tido uma época muito complicada, o primeiro a recuperar de um acidente nos Sprint cars e o último, ainda que na Chase, já sem hipóteses de a vencer.

Elisabete Jacinto

Ainda faltam 6 provas para acabar esta temporada, onde não é de esperar grandes feitos, sendo Talladega a sua melhor oportunidade para brilhar, mas o melhor mesmo é esperar por 2014, onde Patrick estará novamente na Cup e desta vez, já com outra “bagagem”, para além de ter uma organização mais bem preparada e com pilotos que se irão juntar à organização, casos de Kevin harvick e Kurt Busch, que certamente a irão ajudar a que a sua caminhada nos stock cars da divisão principal da Nascar seja mais suave e competitiva.

Conseguirá alguma vez Danica Patrick vencer uma prova da Cup Series ??

Muito complicado, mas possível, uma coisa é certa e isso ninguém lhe pode tirar, é um exemplo para muitas jovens por esse mundo fora, que um dia pretendem seguir a carreira de piloto.

E atenção a um pormenor, tem apenas 31 anos, o mesmo é dizer que oportunidades não vão faltar para se tornar na mulher mais bem sucedida de sempre no mundo das corridas de automóveis.

Para terminar e embora o todo terreno não seja uma das minhas categorias preferidas, muito pelo contrário, é bom lembrar que temos uma excelente piloto portuguesa nesse tipo de rally, de seu nome Elisabete Jacinto com 49 anos, mas ainda muito para dar.

Ficam as caras bonitas que enchem os lugares dos cockpits e que dão uma cor mais bonita ao mundo das corridas.

Michele Mouton