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Dario Franchitti, um grande campeão

Dario Franchitti nasceu em Bathgate, na Escócia, no dia 19 de maio de 1973. Ele é filho de George e Marina Franchitti, e tem um irmão que também é piloto, Marino Franchitti, para além do seu primo Paul di Resta, piloto de Fórmula 1.

 

Aos oito anos, a sua família mudou-se para Whitburn, que fica perto de Bathgate, e quando estudava na escola Stewart’s Melville, Dario ficou interessado em karting. Aos 11 anos, venceu o Campeonato Escocês de Karting Júnior, e em poucos anos conseguiu impressionar nos troféus em que participava, vencendo mais campeonatos da sua categoria.

 
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Em 1992, Paul Stewart (filho de Jackie Stewart),  decidiu dar a oportunidade a Franchitti para correr na Formula Vauxhall Lotus, e no seu primeiro ano, acabou no 4º lugar no campeonato, e foi o vencedor do prémio da revista britânica Autosport, para o melhor piloto jovem do ano. E não se ficou por aqui, porque no ano seguinte manteve-se na equipa, e venceu mesmo o campeonato.

 

A Formula 3 britânica

A Formula 3 britânica

 

Franchitti encontrava-se rapidamente na F3 britânica, em 1994. Num ano em que Jan Magnussen aniquilou a concorrência, Franchitti tinha uma boa temporada, acabando no 4º lugar, e vencendo a primeira corrida da temporada, em Silverstone, para além de ter conseguido mais seis subidas ao pódio.

 

Os seus desempenhos despertaram a atenção da Mercedes-Benz, que não hesitou em contratá-lo para pilotar no DTM e no ITC, em 1995. E o escocês não tardou a impressionar em pista, apesar do Mercedes Classe C ser um carro completamente diferente de um Fórmula.

No DTM

O DTM

 

No DTM, Franchitti mostrou prestações muito sólidas, conseguindo um pódio logo na sua primeira corrida em Hockenheim. Ele nessa temporada, não começou duas corridas, e mesmo assim acabou o ano num excelente 5º lugar! Ao mesmo tempo fez 10 provas no ITC (não começou duas), e venceu a segunda corrida em Mugello, para além de ter feito mais três pódios, e de acabar a temporada num excelente 3º lugar no campeonato.

 

Para 1996, e como tudo se concentrou no ITC, Franchitti estava à espera de mais e melhor. Revelou-se extremamente consistente, com apenas 4 abandonos em 26 corridas, venceu uma corrida em Suzuka e fez mais 7 pódios, acabando no 4º lugar final.

 

No final desta aventura, e com o fim do ITC, não haviam muitas escolhas para a temporada de 1997. Franchitti poderia acompanhar a Mercedes no novo FIA GT, mas a marca alemã, que estava a fornecer motores para o campeonato CART, aproveitou a oportunidade para colocar Franchitti a correr nesse campeonato.

 

Para Franchitti, era um salto enorme. Passar de um carro de Turismo para um Fórmula extremamente rápido iria, à partida, ser um processo muito difícil, para se habituar com o enorme aumento de potência, carga aerodinâmica e de capacidade de travagem.

O escocês teve uma primeira época difícil, na Hogan Racing. Ele acabou apenas no 22º lugar no campeonato, com o seu melhor resultado a ser um 9º lugar em Surfers Paradise, na Austrália.

 

Por esta altura conhecia Greg Moore, outro piloto jovem que estava a dar nas vistas na CART, e que também já tinha corrido pela Mercedes-Benz numa prova do FIA GT, em 1997. Eles tornaram-se amigos muito próximos, e foi por causa de Moore que Franchitti conheceu a sua futura esposa, a atriz Ashley Judd, durante uma festa.

 

Franchitti a festejar a sua 1ª vitória na CART em Elkhart Lake

Franchitti a festejar a sua 1ª vitória na CART em Elkhart Lake

 

Em 1998 mudou de equipa, para a Team Green (mais tarde Andretti Green Racing), e parecia estar mais concentrado, e mais rápido. O seu ano teve muitos altos e baixos, com 8 abandonos, mas a parte final da temporada foi diabólica, vencendo por três vezes. De forma surpreendente, conseguiu o 3º lugar no campeonato.

 

Em 1999, as casas de apostas davam Franchitti como um dos candidatos ao título. Durante a temporada, conseguiu ser ainda mais consistente, mostrou muita maturidade mas, de forma um pouco inesperada, apareceu um jovem estreante chamado Juan Pablo Montoya, que lhe deu dores de cabeça. Montoya venceu umas impressionantes sete corridas, contra as três de Franchitti.

1999 - Franchitti a festejar a vitória em Detroit com o seu grande amigo Greg Moore

1999 – Franchitti a festejar a vitória em Detroit com o seu grande amigo Greg Moore

 

Na última prova da temporada, em Fontana, Franchitti tinha vantagem no campeonato sobre Montoya. A diferença era de 9 pontos.

 

A corrida acabou por ser trágica. Greg Moore tinha um acidente de enormes proporções, e viria a falecer. Montoya foi 4º, emquanto que Franchitti tinha uma corrida com algumas dificuldades, e não foi além do 10º lugar.

 

Incrivelmente, Montoya e Franchitti acabaram empatados na tabela, mas o colombiano acabaria por ser o piloto mais jovem de sempre a vencer este campeonato porque venceu mais corridas do que o escocês.

A morte de Moore deixou marcas no desporto, e em particular, em Dario. Mas a sua força mental foi preciosa, e conseguiu concentrar-se ainda mais nos seus objetivos.

 

Infelizmente, em 2000, teve um acidente nos testes de pré-época, e a sua temporada de 2000 foi muito comprometida, quando se esperava que ele lutasse pelo título, acabando apenas no 13º lugar, mas fez alguns pódios. É de notar que Franchitti também fora contratado pela Jaguar para ser o piloto de testes da equipa de Fórmula 1, mas o sonho depressa acabou, porque a equipa, para além de ter Eddie Irvine, também tinha Pedro de la Rosa, que tinha mostrado ser um piloto competente na Arrows. O espanhol ficou com o lugar do retirado Johnny Herbert, e Franchitti decidiu concentrar-se de novo nos EUA.

 

Em 2001 fez um pouco melhor, sendo 7º, e regressando às vitórias, em Cleveland, mas esperava-se um pouco mais. Claramente, o escocês ainda não estava em forma.

 

A sua última vitória na CART aconteceu em Montreal

A sua última vitória na CART aconteceu em Montreal

 

A sua última temporada na CART foi em 2002, onde ele voltou à forma de antes, com três vitórias, e mais 4 pódios, para chegar ao 4º lugar final. Uma dessas vitórias foi em Vancouver, terra-natal de Greg Moore, e aproveitou a oportunidade para dedicar a vitória ao seu amigo eterno. Uma vitória muito emocional.

 

A Andretti Green Racing iria mudar-se para a Indy Racing League para 2003, e no ano anterior, já tinham feito as 500 Milhas de Indianápolis. Franchitti não foi além do 19º lugar na corrida, mas a equipa mostrou confiança nas suas capacidades de condução, e levou o escocês para a IRL.

 

A sua 1ª vitória na IRL aconteceu em Milwaukee

A sua 1ª vitória na IRL aconteceu em Milwaukee

A sua primeira temporada na IRL foi curta. Disputou apenas três corridas, e teve um acidente de moto na Escócia, quando estava de férias. Mas em 2004 voltou ao cockpit e venceu a corrida em Milwaukee. Era a sua primeira vitória na IRL, e confirmara que Franchitti se tinha adaptado muito bem ao novo carro. No mesmo ano venceu mais uma corrida, em Pikes Peak (pista oval), mas por culpa de alguns problemas, acabou no 6º lugar no campeonato.

 

Em 2005, venceu duas corridas, foi 4º no campeonato e ajudava a equipa a vencer o seu campeonato. Em 2006, o ano foi pobre, não conseguiu uma única vitória, e foi apenas 8º no campeonato, mas as coisas iriam melhorar bastante no ano seguinte.

 

Apesar de não correr só na IndyCar em 2007, fazendo provas ocasionais no American Le Mans Series, Franchitti começou o ano a colecionar pontos importantes. Mas sobretudo, conseguiu ser um piloto extremamente regular, isto apesar de sofrer dois violentos acidentes nessa época. E em Indianápolis, beneficiou da chuva para conseguir a vitória nas 500 Milhas. Era um sonho tornado realidade. Franchitti estava nas nuvens.

 

A sua boa forma continuou nesse ano, vencendo mais duas corridas, e marcando presença regular no pódio. E na última corrida, era candidato ao título, mas tinha que lutar com Scott Dixon. Três pontos os separavam, mas Franchitti deveria estar a ver na sua mente o pesadelo de 1999, quando perdeu o título da CART na última corrida.

 

Os dois pilotos lutaram taco a taco, e na última volta, parecia que Franchitti iria perder mais uma vez o título. E eis que, de repente… Scott Dixon, a 800 metros da meta, começa a perder velocidade. Ele estava sem combustível! Franchitti ultrapassou-o de forma dramática, para assumir a liderança da corrida, e cruzou a linha de meta para uma vitória caída do céu. E esta ultrapassagem significou a conquista do título. Ao fim de tantos anos, o escocês conseguia vencer um campeonato… foram 14 anos de seca!

 

Em baixo poderão ver a parte final da corrida que o sagrou campeão da IRL e  AQUI , as palavras do piloto escoçês.

 

 

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Franchitti não estava seguro sobre o seu futuro, mas decidiu arriscar uma aventura na NASCAR. Pilotos como Sam Hornish Jr., que correu com Franchitti na IndyCar, já o tinham feito. Pela primeira vez, o campeão da IndyCar não iria defender o seu título, e muita gente comparava esta mudança de Franchitti com a do seu antigo rival na CART, Juan Pablo Montoya, que se mudara da Fórmula 1 para a NASCAR.

 

Franchitti em Sonoma, na NW Series em 2008

Franchitti em Sonoma, na NW Series em 2008

 

Ele sabia que seria uma adaptação difícil, e de facto confirmou-se. Ele correu nas três divisões, e raramente os resultados apareceram, apesar de estar numa grande equipa, a Chip Ganassi Racing. Em 2007 fez quatro corridas da Nationwide, e uma da Truck Series, em preparação para a mudança para a categoria principal em 2008. O seu melhor resultado na Cup foi um 22º lugar em Martinsville e decidiu-se concentrar na Nationwide. Aqui, mostrava sinais da sua rapidez, e a sua melhor corrida foi em Watkins Glen, quando fez a “pole”, e acabou no 5º lugar. Apesar de não ter tido grandes resultados, e de ter sofrido uma lesão num acidente na Nationwide, ele decidiu que era hora de voltar aos Fórmulas.

 

Uma das razões para a sua aventura mais curta na NASCAR foi o facto de Chip Ganassi ficar sem patrocínios para o seu carro na Sprint Cup, e Ganassi, que estava a perder dinheiro, e pagara tudo do seu bolso, foi forçado a retirar o carro nº40, e a despedir 70 trabalhadores.

 

Ganassi não retirou de forma alguma o seu apoio a Franchitti, e quando soube da decisão de voltar aos monolugares, Ganassi ofereceu-lhe um lugar na sua equipa para 2009. O escocês aceitou, e foi uma decisão fantástica. Franchitti iria substituir Dan Wheldon na equipa.

 

Em 2009 foi mais uma vez campeão da Indycar Series

Em 2009 foi mais uma vez campeão da Indycar Series

 

No seu regresso, mostrou-se muito consistente e rápido, e conseguiu cinco vitórias. Disputou o título com Scott Dixon e Ryan Briscoe até à última prova. Os três dominaram essa corrida, mas Franchitti foi mais inteligente na estratégia de combustível, conseguindo poupar uma paragem, enquanto que os rivais foram obrigados a parar, e o escocês conquistou o título no seu regresso com a vitória.

 

Em 2010 continuou a sua boa forma, e venceu pela segunda vez as 500 Milhas de Indianápolis. Mas durante o ano, Will Power montou um sério ataque ao título, e estava em vantagem para a última prova. Mais uma vez, Franchitti levou a melhor na última corrida, beneficiando do abandono de Will Power. O escocês deixou-se ficar num confortável 8º lugar, para conquistar o título com apenas 5 pontos de vantagem.

 

A luta Franchitti vs Power repetiu-se em 2011. No Kentucky, Franchitti não conseguiu a vitória, mas depois dos problemas de Power, assumia a liderança do campeonato para a última prova, em Las Vegas.

 

2011 em Las Vegas onde conquistou o 3º titulo, mas perdeu Dan Weldon

2011 em Las Vegas onde conquistou o 4º titulo, mas perdeu Dan Weldon

 

A prova virou tragédia com o acidente fatal do seu compatriota, Dan Wheldon. A corrida foi cancelada, e Franchitti conquistava o seu terceiro título consecutivo. Mesmo que a corrida continuasse, Franchitti não poderia perder o título, porque Power foi um dos envolvidos no acidente. Franchitti apenas “celebrou” o título semanas depois, dizendo que aquele dia foi um dos piores dias que teve na sua vida.

 

Franchitti foi ao funeral de Dan Wheldon, e fez vários tributos ao seu compatriota.  Em 2012, depois de um começo de temporada difícil, vencia pela terceira vez em Indianápolis. Numa vitória muito emocional (Wheldon tinha vencido no ano anterior), Franchitti dedicou-a ao seu amigo, e fez o seu tributo ao usar óculos de sol brancos. No final da corrida, disse aos microfones: “Todos adoravam o Dan. Eu acho que o “D-Dub” estará orgulhoso desta vitória”.

 

A vitória em Indianápolis acabaria por ser a última da sua temporada, e também foi a última vitória da sua carreira. Durante o ano, teve muitas dificuldades para acompanhar a concorrência, sendo apenas 7º no campeonato.

 
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Antes da temporada de 2013 começar, Franchitti e Ashley Judd anunciaram que se iriam divorciar. Ele conseguiu deixar os seus dramas pessoais para trás quando estava em pista, mas a estrela da IndyCar não teve um ano fácil, apesar de ter conseguido quatro pódios.

 

Houston, 2ª prova, acabou aqui a carreira de Franchitti

Houston, 2ª prova, acabou aqui a carreira de Franchitti

 

A sua última corrida foi em Houston (2ª manga). Na última volta, Franchitti tocou em Takuma Sato, e o seu carro foi contra as redes de proteção a alta velocidade. Os destroços voaram para as bancadas, ferindo 13 espetadores e um oficial da IndyCar. O seu carro estava em farrapos, e Franchitti fora transportado para o hospital com duas vértebras fraturadas, uma concussão e um tornozelo partido. Depois de várias cirurgias, ele voltou à Escócia para continuar a sua recuperação.

 

Recentemente, Franchitti anunciou a decisão de se retirar do desporto. Os médicos explicaram-lhe que iria ser demasiado perigoso continuar a correr devido às suas lesões.

 

“As corridas foram a minha vida durante 30 anos, e é difícil pensar que pilotar um carro acabou para mim”, disse Franchitti. “Um mês depois do acidente, e baseado no aconselhamento dos médicos que trataram e examinaram a minha cabeça e as minhas lesões na coluna espinhal após o acidente, eles pensam que a melhor opção é eu parar de correr. Eles deixaram bem claro que os riscos envolvidos em continuar a correr são demasiado elevados e podem ser prejudiciais na minha saúde a longo-prazo. Baseado neste aconselhamento médico, eu não tenho outra escolha a não ser parar”.

 

A decisão de Franchitti, agora com 40 anos, parece ser irrevogável, mas o seu palmarés, as suas muitas vitórias e títulos, e a sua proximidade com os fãs irão ficar para sempre na história. E muitos pilotos de gabarito pronunciaram-se sobre esta decisão, e a opinião é unânime, Franchitti é uma lenda, mas se a sua saúde está em jogo, então ele deve ficar por aqui.

 

As 24 horas de Daytona também fizeram parte do seu brilhante curriculum

As 24 horas de Daytona também fizeram parte do seu brilhante curriculum

 

Franchitti fez 265 corridas em monolugares nos EUA, e conseguiu 21 vitórias, 57 pódios, 23 “poles” e quatro títulos, três deles consecutivos na IndyCar, com mais 10 vitórias, 32 pódios e 11 “poles” na CART, apesar de nunca ter sido campeão. E para além do seu palmarés enquanto júnior, Franchitti mostrou também que é um excelente piloto em provas de resistência. No Grand-Am  fez várias vezes as 24 Horas de Daytona (sempre com a equipa de Chip Ganassi), e no American Le Mans Series também fez as corridas mais longas. Em Daytona, em 2008, na sua primeira participação, fez equipa com o seu antigo rival, Juan Pablo Montoya, Scott Pruett (outro antigo adversário na CART) e Memo Rojas. O escocês mostrou todas as suas capacidades e venceu a corrida à geral com os seus colegas de equipa!

 

No ALMS, já fez o Petit Le Mans, e as 12 Horas de Sebring, sempre em Protótipos. Em 2007, em Sebring, com Bryan Herta e Tony Kanaan (dois antigos adversários e colegas de equipa dos Fórmulas) foi 2º à geral (apenas atrás de um Audi R10 TDI), e venceu a classe LMP2… pela Andretti Green Racing. De facto, a familiaridade entre estes três pilotos deu certo.

Após a decisão de Franchitti, falou-se que o seu primo, Paul di Resta, poderá saír da equipa de Fórmula 1, a Force India, para rumar à IndyCar, e substituir Franchitti na equipa de Chip Ganassi. Seria uma decisão interessante a ser concretizada, mas o tempo dirá.

 

Todos nós iremos sentir a falta de Dario nas pistas. Mas todos nós queremos que ele se mantenha envolvido no desporto. A sua experiência será importante para todos.

Obrigado por tudo o que fizeste nas pistas, Dario.

 

Autoria de Jorge Covas

 

 

 

 

 

 

11 Comentários

  1. Rafael H

    em Novembro 20, 2013 às 10:27 pm

    Grande artigo sobre este senhor “dario franchitti”