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Só deu 24 horas

Já sabia que o fim de semana que iria chegar, aquele que agora terminou, iria ser um fim de semana diferente.

 

A 84ª edição das 24 horas de Le Mans

A 84ª edição das 24 horas de Le Mans

 

E a razão era óbvia, era fim de semana de 24 horas de Le Mans, com outras disciplinas do desporto motorizado à mistura.

 

A minha esperança era que não fossem muitas, para que não tivesse que me desdobrar, enquanto decorriam as 24 horas.

 

Feita a actualização das páginas referentes aos jogos que por aqui vão entretendo os fãs das corridas, qual não foi a minha satisfação, quando me apercebi que poderia focar-me a tempo inteiro à corrida do famoso circuito de La Sarthe, pois, para além das duas divisões secundárias da Nascar, Truck e Xfinity Series, havia que acompanhar apenas mais os V8 Supercars e a Formula 1, que visitava pela primeira vez o circuito citadino de Baku no Azerbaijão.

 

Michael Caruso no Nissan

Michael Caruso no Nissan

Depressa ficou definido que as contas dos jogos iriam para 2ª feira, altura em que esperava já ter recuperado do fim de semana, que prometia ser, no mínimo extremamente cansativo.

 

E foi mesmo cansativo, começou logo com uma noite de 6ª feira mal dormida, quiçá pela ansiedade, a que se somou o inicio da manhã de sábado, com a primeira de duas corridas dos V8 Supercars no circuito de Hayden Valley.

 

Sendo um grande fã dos V8 australianos, ainda para mais naquele circuito, é claro que marquei presença, presença essa que ficou selada pela vitória de Michael Caruso e pela grande asneira de Shane Van Gisbergen, que ao perder a 1ª posição no arranque, tentou-a recuperar no resart que se seguiu, depois de retirados os carros que haviam interrompido a corrida, mas ao fazê-lo, fê-lo de uma forma tão desajeitada, que seria penalizado com um drive through.

 

António Giovinazzi dominou a GP2 em Baku

António Giovinazzi dominou a GP2 em Baku

Com a primeira vitória em 2016 da Nissan nos V8, era chegada a altura do warm up das 24 horas, na esperança que se confirmassem os meus palpites para as quatro classes, apesar da imprevisibilidade que era esperada.

 

E os meus palpites eram a vitória da Toyota na corrida, consequentemente nos LMP1, do Alpine nº36 nos LMP2, do Ferrari nº83 de Rui Águas nos GTE-AM e uma indecisão completa nos GTE-PRO, porque, para além de não acreditar que os novíssimos Ford e mesmo Ferraris 488 chegassem ao fim, também achava que os Corvettes, Aston Martin e Porsches fossem suficientemente competitivos.

 

Um inicio das 24 horas atrás do safety car

Um inicio das 24 horas atrás do safety car

Estava a terminar o warm up, quando começava a primeira das duas corridas da GP2 no circuito de Baku e como até tinha ficado com boas impressões desse circuito, era uma boa oportunidade para as confirmar, quanto mais não fosse para fazer uma projecção do que poderia ser o grande prémio da Europa de F1.

 

Foi uma corrida gira, cheia de ultrapassagens, com uma grande vitória do italiano António Giovinazzi e a confirmação que, quando chegasse a vez da Formula 1, pelo menos não iriam haver filas indianas, a não ser na zona do castelo.

 

O que certamente iria haver era um domínio da Mercedes, tal a demonstração de superioridade que haviam mostrado nas 1ª e 2ª sessões, a que se juntava a 3ª, ainda que a concorrência parecesse estar mais próxima.

 

Nico Rosberg com a pole position em Baku

Nico Rosberg com a pole position em Baku

Ficava então apenas por se saber, no que aos Mercedes diz respeito, qual dos seus pilotos iria ficar com a pole position, mas isso ficava para mais tarde, exactamente à mesma hora que a 84ª edição das 24 horas de Le Mans tinham o seu inicio.

 

E foi mesmo, quando finalmente aos protótipos e gts lhes foram mostradas as luzes verdes, por adiamento de uma pista extremamente molhada e perigosa, ficava-se a saber que Nico Rosberg havia conquistado a pole e que, por ter o seu colega de equipa, Lewis Hamilton, a partir apenas da 10ª posição, era uma questão de não cometer erros na largada e vencer uma corrida que parecia agora feita à sua medida.

 

Sem monolugares em pista, a não ser 24 horas depois, era chegada a hora para umas prometidas 24 horas de pura adrenalina.

 

Filipe Albuquerque

Filipe Albuquerque

Com atenção redobrada na luta entre a Audi, Porsche e Toyota nos LMP1, no Filipe Albuquerque e João Barbosa nos LMP2, na luta Ford, Ferrari e as outras nos GTE-PRO e, claro, no Pedro Lamy e Rui Águas nos GTE-AM, depressa vários acontecimentos normais numa corrida deste calibre, como são a velocidade aliada à fiabilidade, foram diminuindo os vários pontos de interesse.

 

Foi a Audi que, apesar de ter performance, não tinha a fiabilidade das adversárias nos LMP1.

 

Foi essa mesma falta fiabilidade e mesmo competitividade nos LMP2 dos pilotos portugueses, que os colocaria em posições na classificação geral, que pouco mais dava que tentar recuperar, um pouco do muito que se havia perdido.

 

Nos GTE-PRO confirmava-se a superioridade da Ford e Ferrari, em contraste das marcas rivais, que mais pareciam passear em La Sarthe, com a excepção da Porsche, que, depois de dar um ar da sua graça no piso molhado, liderando inclusivamente a classe, acabava por ficar KO, ainda o ponteiro das horas do relógio tinha dado poucas voltas.

 

João Barbosa

João Barbosa

Quanto aos pilotos portugueses na classe amadora dos gts, mais pareciam esperar que as duras regras de Le Mans, em conjunto com a experiência acumulada em outras edições, acabassem por colocá-los nas posições da frente.

 

Tal como os quatro pilotos da minha nacionalidade faziam o que podiam na pista francesa, outros onze, agora jogadores da bola, tentavam o mesmo num estádio mais a norte, contra onze jogadores austríacos.

 

O problema foi que, com o televisor a teimar mostrar a corrida, poucos foram os chutos na bola que por aqui se testemunharam, a não ser aqueles que se viram, quando a corrida ia para publicidade.

 

Pedro Lamy

Pedro Lamy

Se se perdeu um grande jogo de futebol ou não, não sei, provavelmente não pelo empate a zero, o que não se perdeu foi o primeiro vencedor de Le Mans, ainda a corrida não tinha terminado, na pessoa de Frédéric Sausset, que sem braços nem pernas, devido a um daqueles vírus que não dão oportunidade a ninguém, foi ainda assim capaz de concretizar o seu sonho, que era competir nas 24 horas de Le Mans.

 

Encontrado o primeiro vencedor, foi preciso esperar largas horas, para vislumbrar favoritos, tão renhidas estavam a ser as quatro corridas dentro da corrida.

 

Rui Águas

Rui Águas

Se nos LMP2 o peso da balança parecia pender para o Alpine nº36, o mesmo não se verificava nas outras classes, com os Toyota nº6 e nº5, mais o Porsche nº2, a lutarem taco a taco pela vitória à geral e nos LMP1.

 

O mesmo se verificava nos GTE-PRO, entre dois Ford e dois Ferrari e entre um Porsche e um Ferrari, que não o de Rui Águas, na classe dos GT amadores.

 

Por essa altura, sensivelmente pelas duas da manhã, tentava dividir a minha atenção entre as 24 horas na tv e as carrinhas da Nascar pelo portátil.

 

Mas também aqui, tal como no futebol, as carrinhas ficavam a perder, fruto das constantes investidas ao live timing do WEC, onde encontrava os nºs que procurava.

 

Audi sem pedalada em 2016

Audi sem pedalada em 2016

Não admira por isso que tenha perdido o final da corrida, que não o jovem vencedor, William Byron, a celebrar a sua 3ª vitória da temporada, esta na pequena oval do Iowa.

 

Entre o final dessa prova e o inicio da segunda corrida dos V8 australianos, esta às 5 da manhã, foi altura de recuperar energias, mas sempre com muita atenção, se calhar até redobrada, porque o Porsche nº2 dava caça ao Toyota nº6 e o nº5 a ambos.

 

Nos GTE-PRO era mais do mesmo, Ford na frente, Ferrari na frente, Ford na frente, Ferrari na frente.

 

Só nos LMP2 e GTE-AM, esta já sem os pilotos portugueses a lutar pela vitória, pareciam começar a ficar definidas as 1ªs posições, que não a do vencedor.

 

 Frédéric Sausset, um dos vencedores em Le Mans

Frédéric Sausset, um dos vencedores em Le Mans

Assisti então à corrida dos V8, ou melhor ao seu inicio, porque não sei bem como, acabei por entrar nas boxes e adormecer.

 

Eram umas 9 da manhã quando dei por mim a sair das boxes e a voltar à corrida e qual não foi o meu espanto, quando verifiquei que basicamente estava tudo na mesma, com a excepção que Shane Van Gisbergen, tinha rectificado a asneira do dia anterior e tinha vencido a segunda corrida dos V8 em Hayden Valley.

 

Satisfeita a curiosidade, que não o facto de a ter perdido, havia que concentrar na 24 horas, com os 3ºs separados por uns míseros segundos, como se de uma corrida de sprint se tratasse.

 

Ford a vencer os GT-PRO

Ford a vencer os GT-PRO

Também a batalha nos gt profissionais era agora a três, com dois Ford e um Ferrari, enquanto o outro da marca italiana, se afundava na classificação, devido a problemas mecânicos.

 

Enquanto isso, nos LMP2 a vitória parecia começar a sorrir ao Alpine nº36 e nos GTE-AM, acontecia o mesmo com o Ferrari nº62.

 

Ainda nos gts amadores, sortes diferentes para os pilotos portugueses, com Pedro Lamy a ser forçado a desistir e Rui Águas a dar um ar da sua graça, estando a rodar na 3ª posição, mas com olhos postos no 2º lugar.

 

No meio de batalhas tão intensas, haveria de perder a noção do tempo e, consequentemente, da segunda corrida da GP2, que haveria de ser ganha novamente por António Giovinazzi.

 

Alpine nº36 a vencer os LMP2

Alpine nº36 a vencer os LMP2

Para quem se diz um fervoroso fã das corridas, não estava nada mal, tinha conseguido perder três corridas, mas verdade seja dita, a maior de todas, estava a ser a melhor de sempre.

 

E o relógio continuava a rodar, cada vez mais perto das duas da tarde, mas na pista nada de novo, as batalhas continuavam intensas, tão intensas que o Toyota nº6 se dava ao desplante de querer atacar o 2º lugar do Porsche nº2, enquanto este não largava a perna do Toyota nº5.

 

Até que um despiste o retira dessa luta e quiçá da mesma pela vitória, obrigando-o a nove longos minutos de reparações na box, para que pudesse terminar.

 

Ferrari nº62 a vencer nos GTE-AM

Ferrari nº62 a vencer nos GTE-AM

No mesmo local, também o Ferrari 488 nº82 se despistava e perdia o contacto com o Ford nº68, vislumbrando-se pela 1ª vez a possibilidade da Ford voltar a vencer, ainda que numa classe, as 24 horas de Le Mans, passados 50 anos.

 

Estava-se perto da última hora e se nada de novo se iria passar quanto aos vencedores nos LMP2, GTE-PRO e GTE-AM, o Porsche nº2 ainda dava caça ao Toyota nº5.

 

Eram 30 segundos que os separavam, obrigando a marca alemã a um último ataque, este vindo com aquele que parecia ser o último reabastecimento sem troca de pneus, na esperança de encurtar diferenças.

 

Uma batalha sem tréguas

Uma batalha sem tréguas

Só que, com os pneus gastos, o Porsche não teve argumentos, rendendo-se à evidência e preferindo assim jogar pelo seguro, voltando à box para colocar borracha nova e ficar assim a salvo de um qualquer contratempo em pista.

 

Faltavam 6 minutos e pouco, percorria-se a penúltima volta e o Toyota nº5, com Kazuki Nakajima ao volante, já não tinha adversários para lhe tirarem a vitória, a não ser o próprio Toyota, que não resistiu, quiçá de tamanha felicidade que deixou de funcionar.

 

Estupefactos, incrédulos mesmo, estava a box da Toyota que nada podia fazer, da Porsche que lhe via cair uma vitória, a 18ª, do céu aos trambolhões, os ilustres VIP, alguns deles sem nada perceberem do mundo das corridas, mas que, tal como os fãs, esses conhecedores do assunto, compreenderam a crueldade do que se estava a passar em pista.

 

Toyota nº5 a caminho do desespero

Toyota nº5 a caminho do desespero

Qual punhalada nas costas, qual acidente na power stage ou uma ida ao muro na última curva com a meta à vista, o que se passou foi bem mais que isso, foram 6 minutos que faltaram para vencer a corrida mais ilustre do mundo, as 24 horas de Le Mans.

 

Não quis o destino, ou a mecânica do Toyota que isso acontecesse e assim, a marca japonesa vai voltar em 2017, desta vez, espera-se, para cumprir as 24 horas e quem sabe, levar um troféu que sempre quis, mas que desde que vem tentando, lhe vai escapando.

 

Costuma-se dizer que dos fracos não reza a história, será mesmo assim ?

 

Porsche a caminho da 18º vitória em Le Mans

Porsche a caminho da 18º vitória em Le Mans

Acho que não, não neste caso pelo menos, o que se passou durante as 24 horas e mesmo depois, com a Porsche vencedora a honrar a sua adversária derrotada, vai ficar para sempre na memória de quem gosta de corridas.

 

Por falar em vencedores, o Porsche 919 Hybrid nº2 com Romain Dumas/ Neel Jani/Marc Lieb, venceram a 84ª edição das 24 horas de Le Mans, o Alpine A460-Nissan nº36 com Gustavo Menezes, Nicolas Lapierre, Stéphane Richelmi, venceram na classe LMP2, o Ford GT nº68 com Joey Hand/Dirk Muller/Sébastien Bourdais, venceram na classe GTE-PRO e o Ferrari 458 Itália nº62 com William Sweedler/Townsend Bell/

, venceram na classe GTE-AM.

 

Venha a 85ª edição

Venha a 85ª edição

Quanto aos pilotos portugueses, Filipe Albuquerque no Ligier JS P2-Nissan nº43, terminou em 15º na geral, 10º na classe, João Barbosa no Ligier JS P2-Nissan nº40, terminou em 22º, 13º na classe, Rui Águas no Ferrari F458 Itália nº83, terminou em 27º, 2º na classe e Pedro Lamy no Aston Martin V8 Vantage nº98, terminou em 47º, 12º na classe.

 

Habituado que por aqui se vai estando aos factos mais mirabolantes no mundo das corridas, este foi certamente um dos mais cruéis, mas a vida continua, tal como continuou, ao desligar a tv, para passar à transmissão do gp da Europa de Formula 1.

 

Aconteceu o que de certa forma era de esperar, Nico Rosberg venceu sem dar cavaco a ninguém, Lewis Hamilton chegou à conclusão que não tinha feito o trabalho de casa, necessitando de mais umas quantas horas, muitas pelos vistos, para decorar todas as variáveis que tornam o mundo particular dos volantes dos F1 menos misteriosos e assim poder evitar, que lhe volte a acontecer o mesmo nas próximas corridas.

 

Concluído o gp da Europa, que até foi interessante, se esquecermos que não houve luta pela vitória, era chegada a hora de descansar e, quem sabe, acordar a tempo de assistir à última corrida do fim de semana, que iria ser a da Xfinity Series na oval de Iowa.

 

Não foi o caso, o cansaço era tanto, que quando por aqui se voltou ao mundo das corridas, já esta tinha percorridas metade das 250 voltas programadas.

 

Por incrível que possa parecer, sendo por aqui um grande fã dos stock cars norte-americanos, não houve pachorra para estar com atenção, os carros iam passando, mas a mente era constantemente invadida pelos “fatídicos” acontecimentos das 24 horas de Le Mans.

Para a história ficou a vitória de Sam Hornish Jr, imaginem só, ao volante de um Toyota.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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